Entrevista | Jander Gomez


Voltei com mais uma entrevista. Estou gostando disso (risos). A entrevista de hoje e com o grande Jander Gomez, autor do livro RE+começar. Conheci o Jander através do Tiago Souza, um amigo de muitos verões, pelo qual tenho enorme apreço e fico feliz em dizer que eu e o Jander também nos tornamos amigos, essa pessoa maravilhosa e que admiro muito.

Agora sem mais enrolação, vamos a entrevista;




Vamos iniciar com perguntas clássicas, para podermos conhecê-lo melhor antes de falar sobre sua obra.


Book Bus: Fale um pouco sobre você. 
Jander G.: Bom, eu sou natural de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul e me criei em Terenos, a 28km de Campo Grande. Sou geminiano, tenho 29 anos, sou chato, velho e ranzinza. Gosto de café, muito café – de coador de pano – e cerveja. Eu fumo. Sou politicamente fora dos eixos. Gay, casado há dois anos. Tenho três cachorros, a Filó uma Ilhasa Apso, e Noora uma Paulistinha e, o Pingo vira-lata. 

Book Bus: O que gosta de fazer nas horas vagas?
Jander G.: Como fico muito tempo em casa, vejo muitas séries e escrevo. Leio bastante e no geral vou a cinemas. Gosto de passear por cafeterias. Livrarias. Tornei-me assíduo da Leitura do Taguatinga Shopping. Todos lá já me conhecem. Depois da literatura, minha paixão é futebol. Eu jogo em um time amador daqui de Brasília, Viracopos.

Book Bus: Pretende fazer, faz alguma faculdade ou é formado?
Jander G.: Eu sou formado em Gestão de Pessoas. Mas estou com projeto de iniciar Letras (Inglês) em Junho.

Book Bus: Qual pessoa você mais admira? Por quê?
Jander G.: Minha vó. Minha vó trabalhou em regime de escravidão desde seus 13 anos nas fazendas do interior do Mato Grosso do Sul, São Paulo e Nordeste. Muitas das vezes não tinha comida ou água potável. Não podia ir à escola por conta do trabalho. Então se casou com meu avô (Já falecido), tiveram cinco filhos. Um deles trouxe-os para a cidade. Ela começou a fazer pão caseiro para vender. Depois começou a fazer tempero caseiro e por fim, sabão caseiro. Sustentou nossa família por anos. É conhecida como “Maria do pão” ou “Dona Maria do pão” na cidade. Aos cinquenta anos foi para a escola. Aprendeu a ler e a escrever. Acho que não preciso de um exemplo melhor.

Vamos falar de livros agora?


Book Bus: Tenho enorme curiosidade de saber quais os livros e autores preferidos das pessoas, então me responda qual seu livro favorito? E seus autores?

Jander G.: Momo e o Senhor do Tempo de Michael Ende. O mesmo escritor de História sem fim. Posso acrescentar a lista, Agosto de Rubem Fonseca. Ambos os autores divergem em seus estilos, mas certamente são meus preferidos. Recentemente li Hilda Hilst com O caderno Rosa de Lori Lamby e posso acrescentar a lista também. Sou fã de Tolkien, mas amo Victor Hugo, Dickens e Poe.

Book Bus: Qual foi o último livro que você leu? Você gostou? 
Jander G.: One Man guy eu li em duas horas. Não, eu não gostei por ser uma história muito clichê e não me surpreender em nada. Adorei a capa, o designer do livro e tudo mais, mas a história não me cativou.



Agora me responda algumas perguntas sobre sua carreira e obra.


Book Bus: Como se tornou escritor?
Jander G.: Pessoas não se tornam escritores. Nascem. Apenas desenvolvem seu talento ao longo de suas vidas. Eu nasci para escrever e ler. Sempre soube disso, mas nunca quis aceitar. Depois de longos anos decidi publicar e ter uma carreira literária. Ainda não sou ninguém no mundo literário e, espero não ser alguém demasiado conhecido. Isso ainda me assusta. Mas já pensei em desistir várias e várias vezes. Voltar a trabalhar formalmente e tudo mais. Mas, sempre persisto. Acho que no fundo eu ainda não entendi direito o que nasci para ser e fazer.

Book Bus: Quanto tempo demorou a escrever seu primeiro Livro?
Jander G.: Meu primeiro livro ainda não está pronto. E lá se vão dezesseis anos de trabalho. RE+começar surgiu no período de 2006 e só foi concluído em 2014, sendo lançado em 2015. Ou seja, oito a nove anos de trabalho.

Book Bus: Em questão da publicação de seu livro: O que foi mais difícil desde a obra pronta até seu lançamento? 
Jander G.: Encontrar uma editora que aceitasse publicar. Primeiro que as editoras brasileiras pouco se dão ao trabalho de lançar no mercado autores nacionais. Preferem os ditos best-sellers internacionais. Prova disso é só você entrar em uma livraria que vai ver. Ao menos as editoras grandes. Segue o que aos autores iniciantes? As editoras menores ou publicar por demanda. Eu fui selecionado pela Editora Kazuá. Ela acreditou na minha história e trabalhou nela. Mas voltando a pergunta, logo após a editora ter aceitado, são os valores que se gastam em torno dela que te faz recuar um pouco. No meu caso, tive que arcar com a revisão do livro e o transporte do mesmo para lançamentos. Isso encareceu bastante o processo. Entretanto não diminuiu o prazer de ter o livro em minhas mãos e nas mãos de meus leitores.

Book Bus: O que inspirou os personagens? São inspirados em pessoas reais? 
Jander G.: Sim. Alguns personagens são baseados em pessoas reais. O livro é totalmente ficcional, apesar do estopim do livro ter sido real. Há casos que se baseiam em casos reais. Posso dizer que é uma ficção bem real. Escrever sobre essas pessoas irreais é o que mais me deixou triste. Eu queria um Renan pra mim. Ou um Andrey. E quem não queria? Mas saber que de alguma forma eles estavam vivos aqui fora, me satisfazia. Afinal, é impossível um autor escrever sua história sem se basear no seu mundo.

Book Bus: O que inspirou os nomes? 
Jander G.: Nada em comum. Apenas alguns nomes que eu realmente gostava e que são simples. Aninha, Andrey, Renan, Roger, Carlos, Emerson... são nomes comuns. Nem todos são brasileiros, mas são comuns. Ou seja, pessoas ficcionais que de alguma forma estão vivas aqui fora.

Book Bus: Qual o personagem favorito no seu livro?
Jander G.: A mãe do Roger. Ela sem sombra de dúvida é a ancora da história. O porto seguro que qualquer filho(a) gay desejaria ter. Carlos também me agrada muito. Mas a mão de Roger é sem igual.

Book Bus: O que acha dos escritores atuais?
Jander G.: Sinto orgulho em fazer parte dessa geração de novos autores. São dedicados, atentos aos seus leitores e trabalham com carinho. Mas vejo que muitos escrevem o que os leitores QUEREM ler, não o que ele DESEJA escrever e, isso eu penso que seja ruim. Conversava esses dias com uma autora amiga minha e falávamos exatamente sobre isso. Contar uma história é dar vida ao embrião que existe dentro de você. É intrínseco. É algo que vem de DENTRO para FORA. Não ao contrário. Entretanto é a única crítica que tenho a respeito.

Book Bus: Qual livro recomendaria aos seus Leitores? Por quê?
Jander G.: Recomendaria muitos livros, mas vou me ater a três. BOM CRIOULO de Adolfo Caminha. Para o público LGBT. Para os fãs de ficção indico Momo e o Senhor do Tempo de Michael Ende e História sem fim do mesmo autor. E para os romancistas de plantão (Risos) indico A redoma de vidro de Sylvia Plath. 

Book Bus: E para finalizar, deixe um recado para os leitores.
Jander G.: Eu sempre tive vontade de um dia estar em algum lugar e ver alguém com meu livro na mão, lendo. Acho que qualquer autor tem essa vontade. Ir dar um abraço no leitor e agradecer pelo carinho. Eu desejo que cada leitor receba esse abraço e meu afeto por sua confiança com minhas palavras. É gratificante poder contar com vocês e saber que torcem por mim. Acredite, depois que os conheci, passei a torcer por vocês também. Fiquem firmes e obrigado.

Siga o Autor:
Instagram: @jander.gomez
Youtube: Jander Gomez 

Onde encontrar seu livro:
Livraria Cultura: http://www.livrariacultura.com.br/p/re-comecar-15077578
Editora Kazuá: http://www.editorakazua.net/catalogo/re-comecar-de-jander-gomez
Facebook.com/livroremaiscomecar



Muito obrigado por aceitar o nosso convite, Jander. Foi um enorme prazer fazer essa entrevista com você. Sabe que sou um grande fã seu.

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Beijos e Abraços
- Ágno Rosa Vilar

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